Sempre gostei muito de Elton John. Na minha adolescência tinha um daqueles Greatest Hits álbuns, aqueles vinis com 20 músicas, ou seja, nenhuma delas tinha a versão completa de estúdio. Era mais um álbum para promover o artista e fazer você querer ouvir as versões completas e comprar os álbuns de estúdio do artista. Mas, aquele álbum cumpriu o seu papel de me apresentar esse artista maravilhoso que Elton John é.

Por outro lado, conheço pouquíssima gente que nutre o mesmo sentimento que eu, por ele e sua obra. Minha amiga Teresa Iório Venturi é uma das poucas, portanto quando quero falar de Elton John, é com ela. A galera do rock nunca foi apaixonada por ele, no mundo pop, alguns, talvez, nos meus amigos do samba tampouco, os da MPB estão se lixando e eu nunca entendi isso muito bem.

Eis, que recentemente foi lançado o filme "Rocketman", que conta a história dele, e de sua rápida ascensão ao estrelato, sua relação péssima com os pais e com o seu empresário (ex-amante), seu entrosamento com Bernie Taupin, seu grande parceiro e sua relação com álcool, sexo e drogas.

Se há uma característica marcante no filme é a sua honestidade e transparência. A equipe do filme, orientada pelo próprio Elton, que assim o queria, fez um filme absolutamente verdadeiro, bastante cruel, no que diz respeito aos delicados temas mencionados acima e na abordagem direta de cada um deles.

Sempre que paira uma dúvida sobre o que assistir, acabo me deparando com ele e já devo contabilizar ter assistido ao filme 4 vezes e devo ver outras.

Há uma série enorme de boas razões para assisti-lo.

A já mencionada veracidade com que os fatos são contados e personagens reais expostos é a primeira delas. Isso faz com que você entenda e saiba muito mais sobre quem é o artista, por que situações de vida ele passou e obviamente, há uma compreensão muito maior da sua arte.

Taron Egerton, o ator que interpreta Elton John e o faz magnificamente, é outra das razões. É ele mesmo quem canta as canções no filme. E arrasa! Levou o Globo de Ouro e o Sattelite Award por sua brilhante interpretação. Um ator e tanto. Uma interpretação inesquecível!!!

O roteiro do filme, contado em flash-back, tem início com o emperiquitado Elton que invade uma sessão dos Alcoólicos anônimos, vestido exatamente como na foto que ilustra essa postagem, fato verídico, e depois você vai saber em que momento de sua vida isso aconteceu. Ali, ele começa a contar a sua história repleta de falta de amor e desprezo, muito talento, sucesso, a grande parceria e amizade com Bernie Taupin, e todos os ingredientes que o levaram a ser o grande artista que é.

Raramente se vê um musical que não seja chato. No filme, na maioria das vezes em que uma música é cantada, ela é mostrada num show ou num momento de criação e como esses momentos são essenciais na vida de um artista da música, não nos incomoda nenhum pouco. Muito pelo contrário são bastante significativos.

Como a maior parte da história se passa nos anos 70, há uma boa dose de lisergia nos momentos musicais, com paralisações e flutuação dos personagens em referência às experiências lisérgicas daquele período. O filme é repleto de imagens incríveis. O figurino é um show à parte, o que já era ou é na vida real do artista em questão.

Mas, o mais incrível, são mesmo as canções. Encaixadas nos momentos exatos em que foram criadas, elas passam a transmitir novas informações do porque elas existem e foram feitas. Ganham outra força, além da já conhecida como clássicos do pop/rock mundial. No filme entramos em contato com a percepção, delicadeza e inteligência de Bernie Taupin, por quem passei a ter um respeito, ainda maior, depois de assistir ao filme..

Mostra também o grande artista performático, irreverente, rebelde, contestador, desafiador que foi Elton John naquele momento. Como não tenho visto shows dele recentemente, coloco o verbo no passado. Além disso mostra o lado humanitário do artista e como superou todo o desprezo que recebeu durante a vida, que o tornou um sexomaníaco/alcóolatra/viciado em drogas. Após livrar-se desses vícios que perturbavam a sua vida, Elton casou-se com um homem que o ama, tem 2 filhos, abandonou as drogas, o álcool e criou a Elton John Aids Foundation, que ajuda portadores de HIV mundo afora. 200 milhões de dólares já foram levantados desde a sua fundação. (Vejam bem, não estou fazendo nenhum discurso moralista contra drogas, álcool ou sexo. Cada um sabe de si e faz as suas escolhas. Minha menção aqui é absolutamente informativa.)

Enfim, Rocketman só veio me trazer a certeza da minha paixão por esse artista incrível, e por essa dupla de parceiros que fizeram composições que se não são importantes pra você, pra mim, funcionam como se fossem parte da trilha sonora da minha vida! Vida longa a Elton John, Bernie Taupin e Taron Egerton!

Trailer do filme:


Paulo Aliende é produtor cultural e carnavalesco. Atualmente canta e compõe no Bloco do Fuá, além de participar na decoração do carro de som do bloco.